Dário Borim, Paraguaçu - MG

R. Pref. Nestor, 220, Paraguaçu - MG, 37120-000, Brasil
Paraguaçu - MG

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Ensaios e crônicas em português ou inglês sobre artes, literatura, viagens, e o cotidiano na Nova Inglaterra.
////Personal essays and crônicas in Portuguese or English about art, literature, travel and day-to-day in New England.
domingo, 11 de fevereiro de 2018 Uma Borinzada a Zero Grau Uma Borinzada aZero Grau “Help!I need somebody, help” – eu gritava da varanda da nossa casa! Não queriaparecer estúpido para ninguém, ali sozinho, a zero grau.
Mas como não? Eu nãotinha escolha! O jeito foi apelar para os versos de uma famosíssima cançãoexistencial dos Beatles, de 1965.
A persona criada por John Lennon e Paul McCartneyestá se sentindo só e insegura, então pede ajuda! Diz ela que passada ajuventude, veio o bode.
Agora o eu-lírico se encontra muito mal, mas resolveuabrir as portas da mente e procurar uma saída  ̶  parapôr de novo os pés no chão e tocar a vida.
Abrir as portas literalmente e pôr opé no chão do primeiro andar era o que eu precisava agora.
Do segundo andar eugritava, e gritava, em inglês, como os Beatles, com pequenas variações ao temaprincipal:̶  Socorro,por favor! Sou Dário Borim Jr.
, seu vizinho da rua Anthony! Estou trancado navaranda da minha casa! Tá frio aqui! Um telefonema é só o que eu peço.
Porfavor!Essa mensagem eu cortei, recortei, embaralhei erepeti umas cem vezes, durante mais ou menos uma hora e quinze minutos, entre10h30 e 11h45 da manhã de ontem.
Enquanto isso, eu dançava com marchinhas esambas na cabeça, daqueles clássicos que toquei no meu programa de rádio, ontem.
Ou, para variar um pouco, eu mexia as pernas e os pés como se estivesse me aquecendoe me aprontando para um jogo de handball das Olimpíadas de Paraguaçu! Às vezes euresolvia me distrair, cantando em voz alta:̶ “Bandeira branca, amor, não posso mais.
Pela saudade que me invade eupeço paz…”Tudo começou quando eu acabava de preparar acasa para receber as faxineiras açorianas, Mônica e Maria.
Não sei se sãolésbicas, mas parecem.
Não é da minha conta, mas se são, dou crédito especial aelas.
O mundo precisa ficar cada vez mais aberto para as várias possibilidadesdo amor e da vida a dois  ̶  ou a duas! Saravá!O fato é que a chegada delas, as açorianas, marcadapara 11h30, seria a minha redenção.
O frio de zero grau  já começava a me incomodar.
Um conjunto demoletom fininho (calça e blusa) não seria suficiente para me garantir o mínimoconforto, ali em pé, durante horas, principalmente quando o vento soprava e asensação térmica devia cair para uns cinco graus negativos!Bom, eu dizia que a preparação para a faxinaestava pronta.
Isso acontece porque Ann, minha esposa, e eu não somos de deixara casa bonitinha o tempo todo.
Muita gente criativa acha que é meio perda detempo passar a vida organizando a vida.
Então, em dia de faxina, os donos dacasa fazem um exercício preparatório que inclui a retirada de alguns items dochão, das mesas, do balcão e das pias da cozinha, por exemplo, para que a Monicae a Maria não percam tempo com essas atividades e saiam daqui de casa o maiscedo possível, depois de no máximo umas duas horas de limpeza pesada apressada.
Então, como última ação coercitiva pré-faxina,eu pus a cesta de roupa suja no piso de madeira da nossa varandinha, um espaçode uma única parede de madeira e o resto de tela, onde eu me encontrava.
É umaárea de aproximadamente 3 x 2 metros adjacente ao nosso quarto de dormir.
Ali fora,sem saber do mal que iria me causar, fechei a porta entre a varandinha e oquarto, enquanto posicionava a cesta para fora do alcance da chuva.
Ela andacaindo por aqui nesses dias de “veranico” em pleno inverno  ̶  quando,por exemplo, o termômetro sai da casa dos 10 graus negativos e sobe até oscinco graus positivos.
Ontem rondávamos a marca do zero grau, como disse.
Aindabem que foi dia de veranico, porque se meu descuido tivesse acontecido duassemanas atrás, eu teria corrido risco muito maior, sob um frio capaz de matar oualejar um ser humano em menos de uma hora!Se para você, que lê essa crônica, nada do que eudisse lhe foi útil, aqui vai uma mensagem de alerta: cuidado, mas muito cuidadomesmo, com um tipo muito comum de tranca aqui nos Estados Unidos.
Foi esse tipoque quase me jogou no abismo.
Ela funciona assim: quando você deixa a portatrancada (não apenas fechada), essa porta pode ser aberta a qualquer hora, semproblema, pelo lado de dentro.
Mas cuidado: quando você abre a porta dessemodo, pelo lado de dentro, a tranca não destranca! Imagina que coisa louca, paramuitos de nós brasileiros.
Repito: mesmo com a porta aberta, a tranca continua trancada.
Se você quiser, pode destrancar a porta por dentro, sem qualquer chave.
Mas se antesde sair você se esquecer de fazer essa ação coercitiva (está na moda essaexpressão no Brasil, por isso a repito), você fechar a porta e ficar trancadodo lado de fora! Foi exatamente aquilo o que aconteceu comigo naquelamanhã de grau zero, e sem saída! Eu tinha por acaso verificado a previsão dotempo antes.
Aqui no norte dos Estados Unidos levam-se muito a sério essascoisas, por causa dos riscos cridos pelo frio assassino, pelos furacões, etc.
Por isso eu sabia que o frio não ia piorar nas próximas horas, e algumas horasexposto a zero grau eu não ia morrer, ou perder pés e mãos queimados pelo frio,como pode ser o caso de hipotermia nessa parte do mundo.
Mas eu não queriaficar feito bobo, sem telefone, sem o que fazer, enquanto congelava o meurabinho na varanda da minha casa! Então pensei em minha mãe.
Várias vezes ela medisse que meu Anjo da Guarda era forte! Sem dúvida! Já foram tantos os meuspercalços e aproximações à morte! Por exemplo, aos sete anos, no antigo CineÍris, caí de uma escada e fraturei um osso do crânio, o que me obrigou a tomarchoques elétricos na face ao longo de seis meses, para consertar a minha bocatorta e reverter uma terrível paralisia no lado direito da face.
O anjotrabalhou muito, e fiquei bom, ou quase bom, exceto pela surdez parcial e pelaloucura discreta.
(Essa última parte é brincadeira, viu?) De moto em Belo Horizonte, aos 20 anos deidade, eu bati em dois carros de uma vez: o meu joelho num deles, e a minha Honda(a Magrela) no outro.
Voei um pouco, só por uns quatro ou cinco metros.
Mascomo estava de capacete, o único estrago foi uma fratura no joelho.
Aquilo sódeu em quarenta e cinco dias de gesso, do calcanhar à virilha, mas nada muitosério.
Por último, isto é, só para limitar essaladainha de acidentes a apenas três eventos das múltiplas ações coercitivas (denovo?) do meu Anjo da Guarda, vale lembrar o dia em que eu jogava tênis emparceria com meu irmão, José Carlos, também conhecido como Tatau, ano e meioatrás.
Nós apanhámos terrivelmente de seu filho, Daniel.
Naqueles que teriam sidoprovavelmente os últimos segundos da partida (da coça), ainda que umaquase-tragédia não tivesse acontecido, corri de costas para o fundo da quadrana tentativa de rebater uma bola para lá forçada.
Em velocidade, tropecei e fuicaindo para trás a todo o vapor.
Infelizmente uma parede de alvenaria estava nomeu caminho.
Cheguei a ela quando meu corpo já estava na vertical.
A pancadafoi forte.
Levei 12 pontos no coro que antes já fora cabeludo.
Perdi a consciênciapor uns cinco segundos.
Assim disse meu irmão, que é engenheiro e sabe dosnúmeros.
Ele e Daniel correram comigo para o hospital, depois de um balde d’águapara sair do perigoso sono.
Foram constatadas três fraturas no meu braço esquerdo.
Nada pior, graças a meu Anjo da Guarda, claro.
Naquela varanda, o Anjo da Guarda tambémtrabalhou para o meu bem.
Havia ali a cesta de roupa suja.
Fui verificar os ingredientese, para minha imediata satisfação, achei uma camisa e uma blusa de moletom, alémde dois pares de meia.
Vesti os quarto itens rapidinho, para diminuir oincômodo do frio.
Tinha até uma calça jeans, que tentei vestir.
Mas não deu.
Era do tipo apertadinho, estilososo, e a calça jeans que eu usava era do tiposoltadão, folgado.
Teria que tirar uma calça para pôr a outra e depois repor aprimeira.
Muito trabalho, além de que a segunda calça já estava é muito friapro meu gosto!Ah, na verdade eu estava é muito bem,tranquilo, porque literalmente não morreria de frio, e a minha fuga aconteceria  mais cedo ou mais tarde.
Mônica e Mariapoderiam atrasar, poderiam até não vir por motivos de força maior, como doença,mas eu pensava positivo.
Seria uma hora ou pouco mais de espera.
Mole para nós!Mesmo assim resolvi pesquisar as minhas chances de quebrar a porta ou rasgar atela e “fugir” para o telhado da casa.
Essas alternativas não eram muito boas.
A porta é do tipo francês, com vidro temperado.
Uma nova ia custar uma boanota.
Do telhado do segundo andar para o chão era uma altura razoável.
Iaquebrar as minhas pernas já meio frágeis de homem se aproximando dos 60 anos.
Por isso tudo era melhor eu gritar “help me,please” sem parar, na esperança de que algum dos vizinhos saísse de sua casa eme ouvisse e chamasse Ann para me salvar! Mas nada! Eu só conseguia assustar aMinnie, coitadinha, nossa cachorra da raça golden retriever presa na frente dacasa há quase duas horas.
Ela me ouvia mas não via, muito menos me entendia odrama!Com as janelas hermeticamente fechadas porconta do inverno, ninguém me ouviu.
Ninguém passou com seu cachorro em frente ànossa casa, tampouco.
Lá do outro lado, naquela varandinha, eu poderia ver sealguma alma por caminhasse pela rua.
Carregando um celular, a pessoa me daria aliberdade de volta com uma simples chamada.
Tinha certeza que Ann teria piedadede mim e deixaria a sala de aula para vir rapidinho aliviar o seu maridoavoado.
Enquanto eu dançava para esquentar e gritavapara sair da jaula, as faxineiras chegaram! Que maravilha! Assim que ouvirammeus gritos correram para o fundo do quintal para me achar vivo e saber como poderiamme salvar! Sorri um sorriso bem aberto, claro, bem iluminado! Eu mal consegui esconderminha emoção! Nunca o fim de algum samba ou marchinha me deu tanta alegria!Mas espera aí, pensei! Havia mais um momento detensão a me desafiar.
Mônica e Maria não têm nenhuma chave da casa! E eu nãosabia se pelo menos uma das duas portas, a da frente ou a do fundo, estavadestrancada! Caso ambas as portas estivessem lacradas, Ann teria que vir daescola, para que as senhoras trabalhassem e o marido dela voltasse à sua típicaalegria de viver! E não é que o Anjo da Guarda me deu mais umaforça? A porta dos fundos estava destrancada, e logo me vi “bem quentinho”dentro da minha casa, sob o calor do providencial aquecimento central a gás edas quatro roupas esquentando o peito, além dos três pares de meia (um de lã,viva!) e um boné preto, que desde o nascer do sol protegia a minha careca dasperigosas intempéries do norte do Hemisfério Norte.
Aleluia, meu Anjo da Guarda!Mais uma vez lhe agradeço a ajuda! E mais uma vez espero não precisar mais delano futuro, aos dissabores de mais uma perigosa mancada, descuido típico denossa família que há muitos anos simplesmente chamamos de “borinzada”!Posted bydjborimat16:41Nenhum comentário: quinta-feira, 9 de novembro de 2017 Estereótipos e outros retratos do Brasil nos Estados Unidos Estereótipos e outros retratos do Brasil nos Estados Unidos:Literatura, música e cinema PALESTRA DE DÁRIOBORIM JR.
NO CONEXÕES ITAÚCULTURAL 2017 Quarta 8 de novembro de 2017 | 18h Literatura e outrasartes: ensino e pesquisa em chave comparada Propostas para debate:1) Apesar da variedade da produção nacional, fora do país o cinema,a música e a literatura brasileiros tem um público inicial que buscaestereótipos do Brasil.
2) Existe espaço para obras que vão além, mantendo-se propriamentebrasileiras, mas alcançando dimensão universal?3) Como essa problemática aparece no ensino e na pesquisa sobre asartes do país? Com: Dário Borim Jr.
, Saulo Neiva ​e Lidia V.
SantosMediação: Fernanda Guimarães Inicialmente, o meu muito obrigado a todos os responsáveis poresse belo evento – em particular a ClaudineyFerreira, João Cezar de Castro Rocha e Felipe Lindoso, que me fizeram o convite, e a JahitzaBalaniuk, que coordenou múltiplas logísticas.
A temática proposta para esta mesa tem três partes – pela ordemdisposta, há uma asserção que relaciona duas ideias, seguidas de duas perguntasque se entrelaçam.
Vou dialogar com a proposta seguindo essa mesma ordem.
Concordo plenamente com a primeira ideia: a produção culturalnacional é muito variada.
Dos pampas temperados até o norte equatorial daAmazônia – das mãos de indígenas que pintam os próprios corpos no Pará até ospés agitados que dançam um partido alto no Rio de Janeiro – é vasta e cativantea nossa expressão artística nacional.
A segunda ideia da primeira afirmativa é muito mais controversa doque a primeira: a noção de que o cinema, a música e a literatura produzidosneste país tenham um público inicial que busca estereótipos do nosso país forado Brasil.
Muito mais que nas obras de brasileiros traduzidas ou mesmoveiculadas em português no estrangeiro, desde que se publicaram os poemas deGregório de Matos em Lisboa, até os nossos tempos de ensaios e narrativas deLya Luft em inglês e outros idiomas, os estereótipos do Brasil aparecem muitomais frequentes nas obras literárias, autobiográficas ou etnográficas deestrangeiros que escrevem sobre o Brasil.
Isso, desde maio de 1500, com a "Cartade Pero Vaz de Caminha", até os dias de hoje, em tantos filmes de Hollywood.
Odocumentário Olhar estrangeiro(2016), da carioca Lúcia Murat, por exemplo, discute o Brasil retratado naspelículas norte-americanas e europeias.
O louvável trabalho de Murat é umaimperdível fonte de humor negro e perplexidade!Dos escritores brasileiros com alguma repercussão crítica ougrande sucesso comercial no mercado norte-americano, somente me recordo deJorge Amado como exportador de algo que se poderia entender por apelo do exótico.
Porém, não sei se esse apelo, mesmo na obra do baiano, é mais forte do queaqueles outros, os da sensualidade e do erótico voyeur de uma Gabriela, cravo e canela, ou de uma Dona Flor e seus dois maridos.
Por outro lado, na esfera da repercussão acadêmica, estuda-semuito a obra de Machado de Assis e de outros autores canônicos do século XIX,os versos modernistas das três fases, o neo-realismo de Graciliano Ramos,Rachel de Queirós, e a diversidade contemporânea de Silviano Santiago e AnaMaria Miranda, sem destaque para o exótico, apesar do inusitado novo mundo queesses escritos possam configurar para o leitor nacional ou estrangeiro.
Sucesso brasileiro estrondoso, na sala de aula e nos periódicose livros acadêmicos, é de fato a técnica narrativa diferenciada, oexistencialismo preponderante, e o feminismo sutil nas obras da instigante eapaixonante Clarice Lispector.
Sem dúvida, seu descobrimento pela críticafeminista, principalmente a francesa e a norte-americana, se fez instrumental paratal sucesso.
Quando era estudante de doutorado na Universidade Minnesota-TwinCities, certa vez trabalhei como assistente de pesquisa bibliográfica para o professore tradutor Ronald Sousa.
Em 1993, ainda no início da febre lispectoriana, encontreimais de 900 artigos e livros que a discutiam!Também tenho tido outras formas de aproximação e intervenção na cultura brasileira pelo contato direto ou indireto com ascomunidades dentro e fora das universidades.
Durante alguns anos escrevi epubliquei crônicas para O Jornal,periódico semanal dos lusofalantes da região de Fall River e New Bedford, no sul de Massachusetts.
Acrônica brasileira é um tipo de criação literária muito presente na minhacarreira acadêmica, e por isso tenho trabalhado nos últimos oito anos comoeditor-contribuinte de uma seção do periódico Handbook of Latin American Studies da Biblioteca do Congresso emWashington.
Esse contato com o leitor transcorreu paralelo ao nosso convívio atravésde múltiplos concertos musicais que produzi ao longo de mais de dez anos.
Parao campus da UMass Dartmouth, ou para seu entreposto no centro histórico de NewBedford, levei a arte ao vivo de músicos lusofalantes residentes, por exemplo,no Brasil, Cabo Verde, Canadá, França, Israel, Portugal e Moçambique, entreoutros.
A comunidade sempre prestigiou tais eventos, e neles pudemos nosconhecer melhor e juntos apreciar um pouco do melhor que o mundo lusófono podeoferecer.
Fundos para esses eventos partiram da administração da Universidade, aonível da Reitoria e do colegiado, e, principalmente, do Centro de Estudos eCultura Portugueses, que permanece extremamente ativo desde sua fundação,quatro anos antes de minha chegada a Massachusetts em agosto de 2000.
Além depatrocinar e organizar congressos e colóquios internacionais, o Centroadministra uma cátedra que anualmente contrata professores visitantes de granderenome no mundo acadêmico e literário para trabalhar conosco por um semester, entreeles a antropóloga brasileira Bela Feldman e o escritor angolano Ondjaki.
O Centro tem mantido, através da sua própria editora, a Tagus Press,uma prolífica agenda e um alto calibre de publicações reconhecidas internacionalmente,inclusive uma série de Literatura Brasileira em Tradução, onde já saíram eminglês, por exemplo, Agosto, de RubemFonseca, e O eterno filho, deCristovão Tezza.
De fato, nos últimos 21 anos, pela editora do Centro já saíram mais de 70 volumes deobras literárias ou teórico-críticas, cujos lançamentos levaram ao campusfiguras distintas, como José Saramago, Lídia Jorge, Silviano Santiago, e muitosoutros grandes nomes da cultura lusófona.
O Centro também desenvolve e mantém atividades emparceria com os modernos Arquivos Lusos-Americanos Ferreira-Mendes, outradistinta organização da UMass Dartmouth voltada para os estudos lusófonos, queacolhe e serve a pesquisadores vindos de diversas partes do mundo.
Também atraitais investigadores uma outra instituição local, o belíssimo Museu da Baleia,de New Bedford.
Como se sabe, foi muito significativa contribuição açoriana ecabo-verdiana à indústria da caça à baleia, história na qual se destaca acidade de New Bedford como seu principal porto.
No tocante à música, em particular, a primeira assertiva daproposta para debate nesta sessão me parece ainda menos certeira.
Talvez a grandeexceção seja a da forma como a sambista de rádio e depois atriz carnavalizadaCarmen Miranda representou o Brasil nos teatros de Nova York e nos estúdios deHollywood.
Sua representação caricatural, híper-estereotipada, entretanto, émuito mais caracterizada pela tipo de dança, vestimenta e trejeitos do que peloque se poderia postular de exótico nas letras dos sambas que ela cantava emportuguês — letras, claro, que quase nenhum norte-americano entendia.
Vale destacar umbelo e seminal estudo da imagem icônica de Carmen Miranda é a de Kathryn Bishop-Sanchez,publicada um ano atrás: Creating CarmenMiranda.
Em geral, a música composta por brasileiros – e interpretadas ounão por brasileiros, nos Estados Unidos – é de alta qualidade e grande variedade.
A história registra a participação de brasileiros em festivais de jazz já noinício do século XX, como no famoso evento de Newport, Rhode Island, a 40minutos da nossa instituição, a UMass Dartmouth.
Tocava-se o tal de “tangobrasileiro”, o nome que muitos ainda davam ao que mais tarde se definiria comochoro ou chorinho.
Na própria Califórnia dos tempos de Carmen Miranda, isto é, nosanos 40 e meados dos anos 50, nada menos que um gênio nascido no interior deSão Paulo, chamado Laurindo Almeida, encantava com seu violão as platéias quedele ouviam música clássica, de um Bach ou Ravel, por exemplo – porém, ao ritmodo samba, bumba meu boi e maracatu.
Também ouviam do próprio Laurindo Almeida amúsica brasileiríssima de fino trato nascida da imaginação de outro gênio danossa história, Heitor Villa-Lobos.
Para os que não sabem, tem mais: Laurindo Almeida se tornou umexímio compositor e intérprete do jazz, ao ponto de receber não apenas quatro expressivosprêmios Grammy em música clássica, mas também vencer a Miles Davis, HenriMancini e outros bambas do ofício – obtendo, ele, um filho da pequena cidadepaulista de Prainha, em 1964, um Grammy, esse na categoria Best InstrumentalJazz Performance.
A partir do bagunçado, atropelado – e, mesmo assim, fascinante ememorável – concerto no Carnegie Hall, no sul de Manhattan, em 1962, a históriada bossa nova nos Estados Unidos é razoavelmente conhecida no Brasil.
É umajornada brilhante e marca indelével de uma prata fina da fornalha culturalbrasileira, que encantou e seduziu não só os norte-americanos, mas também osjaponeses, os turcos e os europeus, desde a Espanha cigana à Suécia viking.
Nem se precisa dizer, eu acho, que a bossa nova que seimortalizou no canto de João Gilberto e nas harmonias de Tom Jobim não tem nadade exótico, fácil ou repetitivo.
Diz-se entre artistas e historiadores da músicanos Estados Unidos que não há astro do jazz norte-americano que nunca tenhagravado ou interpretado Jobim.
Por outro lado, já ouvi de uma conhecida, que,no Japão, João Gilberto certa vez recebeu um aplauso de 42 minutos ao final deum concerto.
Muitas lendas marcam sua biografia.
Essa pode ser mais uma, ounão.
Após a chegada dos influentes percussionistas emulti-instrumentistas do naipe de Naná Vasconcelos, Airto Moreira, Thiago deMello e Hermeto Pascoal, nos anos 70, chega a vez da MPB aterrissar na Terra doTio Sam na década de 1980, com uma ajudazinha de David Byrne, do lendário grupoTalking Heads.
Certa vez, entrei num cinema de Uptown, em Minneapolis, e o queouvi pelos alto-falantes antes do filme foi puro mel: a arte de Gilberto Gil,Caetano Veloso, Milton Nascimento, Clara Nunes e Marisa Monte.
A MPB estavamais forte do que nunca nos Estados Unidos.
Brasileiros a partir de entãoreceberiam vários prêmios Grammy na competitiva categoria world music.
Uma década depois, isto é, no fim dos anos 90, era a hora dosMutantes, do Tom Zé e de outros sons tropicalista – os norte-americanosfinalmente descobriam a Tropicália, mais de 20 após o movimento agitar o nossochão e cruzar os nossos céus ao sul do Equador.
A partir de então, naquele fimdo século XX, fora do Brasil os tropicalistas passavam a exercer forteinfluência sobre a música internacional lá rotulada de “world music”.
Osartigos do editor de música do New YorkTimes, Jon Pareles, retratam muito bem esse, digamos, Renascimento daquelesvanguardistas baianos e paulistas.
Hoje em dia, a presença da música brasileira no mundo é distintareferência.
Uma escola de música como a Berklee, de Boston, considerada amelhor do mundo em jazz e world music, envia agentes ao Brasil anualmente.
Sãocaçadores de jovens talentos, para quem a escola oferece bolsas de estudosintegrais, com direito a razoáveis subsídios para moradia e alimentação.
Sãocantoras, percussionistas, violonistas, pianistas, etc.
, que nos representam muitobem lá fora.
Resta dizer que a mesma Berklee School of Music já ofereceu otítulo de Doutor Honoris Causa a pelo menos dois de nossos músicos, MiltonNascimento e Rosa Passos.
Ademais, a paixão pela música brasileira entre as pessoas quemoram nos Estados Unidos, Itália, Espanha e Portugal, entre outros países,sustenta inúmeras turnês tanto de um fantástico conjunto de choro, como o dasirmãs Ferreira, o Choro das Três, quanto da arte sem rótulo de uma Céu, de umaLuíza Maita, ou mesmo de um Seu Jorge – quem recebeu, no ano passado, umregistro para a posteridade: o Dia de Seu Jorge, no calendário oficial dacidade de Boston.
A honraria não é pra muitos santos.
Em relação ao cinema, sustento a mesma posição, a de que, pelomenos no mundo de hoje, o cinema brasileiro não depende de estereótipos ouexotismo para atrair público no exterior.
A dinâmica que me parece estar dandoalgum resultado é o múltiplo patrocínio de agentes públicos e privados doBrasil em complementar parceria com produtores estrangeiros.
Quanto à pergunta sobre a existência ou não do espaço para obras quevão além do exotismo e do estereótipo, mantendo-se propriamente brasileiras,mas alcançando dimensão universal, penso que sim, que há tal espaço, dentro de várioslimites e oportunidades criados por diversos parâmetros.
No caso da literatura, gosto muito das conclusões a que chega CarlosMinchillo em sua tese de doutorado defendida na USP e publicada pela EDUSP em 2015sob o título de Erico Verissimo, escritordo mundo.
O pesquisador paulista explora magistralmente os impasses e entravesque escritores vivem num tempo de massificação do consumo de tudo, e por quenão, de bens culturais.
A inserção do livro brasileiro num cenáriotransnacional, em plena era deste mercado globalizado, enfrenta o que Minchillochama de “fatores intra e extratextuais que interferem no trânsito de obraspelos mercados editoriais” (21).
Nesses mercados ocorrem a aceitação, rejeiçãoou indiferença por toda uma “cadeia de atores sociais e profissionais –editores, agentes literários, pareceristas, marqueteiros, capistas,resenhistas, críticos, acadêmicos etc – que atuam na avaliação e triagem detítulos” (21).
Concordo sem restrições com a síntese de Minchillo: o sucesso oufracaço de uma obra ou de um escritor, com sua maior ou menor inserção nomercado nacional e internacional, “não são determinados exclusivamente pelaslinhas do texto literário” (21).
De fato, “derivam de um feixe de ações ediscursos de múltiplas naturezas – política, econômica, mercadológica,diplomática, ideológica – e constituem, portanto, uma história escrita pordiversas mãos e que ecoa diferentes vozes” (21-22).
A resposta para a última pergunta sobre ensino e pesquisa ficapara esses dois últimos minutos da minha fala e, também, para o que nos restarde tempo para discussão.
Bem além de algo extremamente importante para mim mesmo, isto é, aconcretização de um de meus maiores sonhos na vida, meu programa de radiodedicado a música luso-afro-brasileira, o Brazilliance,tem atingido metas que jamais imaginei.
No ar nos últimos 16 anos, o Brazilliance tem veiculado muitas ediçõestemáticas.
Por exemplo, um programa com três horas de canções compostasexclusivamente por mulheres brasileiras.
Outro, de canções gravadas por músicosda diáspora de lusofalantes.
E um terceiro, com discussão e leitura denarrativas do século XIX que tematizam a própria música na literaturabrasileira.
Alguns de meus programas funcionam como espécie de trilha sonora doscursos que ensino, como um totalmente dedicado a Caetano Veloso, e outro,exclusivamente enfocado em Vinicius de Moraes.
O Brazilliance também tem estabelecido laços entre minha pessoapública e a comunidade de ouvintes através de entrevistas com músicos locais ouvisitantes, jornalistas, líderes politicos, e pesquisadores das humanidadesvoltados para o mundo lusófono.
Também tenho levado para os estúdios da rádio,a WUMD, vários dos meus alunos de todos os níveis de proficiência, desde atábula rasa do Português 101 até os seminários do nosso programa dedoutoramento em Estudos Luso-Afro-Brasileiros e Teoria.
Meio por acaso descobria Luso-América do Norte em agosto de 2000, uma região com seis cidades ondemetade da população descende de brasileiros, cabo-verdianos e portugueses.
Epor lá fiquei, com um pé dentro, e um pé fora, no país que me viu nascer e que,na verdade, dentro do peito, nunca deixei.
É isso aí.
Obrigado! Posted bydjborimat11:21Nenhum comentário: terça-feira, 27 de junho de 2017 WUMD 89.
3 FM Shut-Down: Time to Refuse, Rethink and RebuildWUMD 89.
3 FM Shut-Down: Time to Refuse, Rethink & Rebuild OnWUMD 89.
3 FM last hours, today, June 26, 2017, its wonderful people showed passion for music and radio, classyacceptance of a bad deed for the South Coast community, and inspiringcompassion for each other in times of mourning the gag on FM airwaves! The poster above, hanging on a WUMD Studio A wall, caught my attention: it says it all.
WEREFUSE the sale/donation, especially the unethical, undisclosed, andundemocratic process by which the deal was signed, since no prior informationwas revealed and no discussion or voting ever happened about the deal, among usall, professors, staff, students, and WUMD members.
WERETHINK the way WUMD can help more people listen to on-line radio.
WEREBUILD our trust in a better future other than this hovering frustration and sadness over the death of our 89.
3 FM.
The smiles and joy today atthe studio were not for the deal or the future! We celebrated our history andour 42 years alliance of love and talent and goosebumps with the South Coastcommunity.
When about ten minutes of broadcastingremained, silence and sorrow overcame us.
They lingered within us.
When theGeneral Manager spoke to our audience, and soon followed the protocol ofshutting the station off, I saw no one not crying.
Let that be a statement forthe UMass Dartmouth to remember.
Our listeners, in turn, will remember for along time when the radio died for them.
Posted bydjborimat19:14Nenhum comentário: quarta-feira, 21 de junho de 2017 Brazilliance: Personal, Global and Local Community Links Brazilliance: Personal, Global and Local Community Links(A Speech for Viva Portugal Day* in New Bedford, MA, USA)Dário Borim Jr.
A Personal SnapshotOn air for fifteen and a half years, Brazilliance has always meant that a colossal personal dream ofmine has come to fruition.
For me, a Brazilian literature professor and authorfrom the state of Minas Gerais, Brazil, sharing my passion for music throughradio is like playing my favorite tunes to a gathering of friends in my veryhome.
It is much more than that, of course, since there are no walls to radio’sendless living-room of communities.
From the very beginning, Brazilliance has been a radio showdedicated to the Luso-Afro-Brazilian music and culture.
On December 4, 2001, itstarted out as a morning show on WSMU, 91.
1 FM, which, a few years later, turnedinto WUMD, 89.
3 FM, when Brazilliancehad already moved to Thursdays, 3:00-6:00PM.
The first song I ever played on myown radio show brought one single bulky tear to my face, while I temporarilystruggled with a gag in my throat.
The tune was “Lua, Lua, Lua, Lua”, from the1975 CD Jóia,  by Caetano Veloso.
The lyrics are short,challenging to translate, and a bit enigmatic, but totally worth remembering: Lua,lua, lua, lua  // Moon, moon, moon, moonPorum momento meu canto  // For a moment my songContigocompactuar  // Strikes up a pact with youEmesmo o vento canta-se  // And even the wind plays itself outCompactono tempo  // Compressed in timeEstanca  // It breaksBranca,branca, branca, branca  // White, white, white, whiteAminha, nossa voz atua sendo silêncio  // My voice, our voice, acts in silenceMeucanto não tem nada a ver  // My song has nothing to doComa lua // With the moon (Veloso’s performance and his poem are available at www.
youtube.
com/watch?v=egb-EcydMKo.
) Global LinksI believe it was some eight or nine years ago that I heardthat WUMD 89.
3 FM had started broadcasting our shows live, on-line.
It meantthe world to me.
Soon people who had been listening to us through the webstarted writing to me.
I had realized much earlier that the world of music was indeedfascinating for many reasons, but now I knew musicians depended on and lovedbuilding bridges, connecting one another and linking concert producers, studiomanagers, media folks, you name it.
There was a time when the University of Massachusetts Dartmouth’sCenter for Portuguese Studies and Culture had a much larger operational budget.
Within adecade, Brazilliance helped me connectwith and invite to perform on campus a plethora of musicians from Brazil,Canada, Cape Verde, France, Israel, Mozambique and Portugal, all of themsomehow developing their art under the influence of Lusophone music and culture.
To cite a few, we had São Paulo renowned pianist Maria José Carrasqueira, Cape-VerdeanAmerican jazz vocalist Candida Rose, Mozambican-Canadian pianist Matsinhe, Frenchflutist and musicologist Odette Ernest Dias, Tel Aviv-based Trio Tucan,award-winning Mozambican singer-songwriter Stewart Sukuma, and Portuguese-Americanbrass-band leader Miguel Muniz and his electrifying and multi-cultured FarraFanfarra, centered in Lisbon.
In a nutshell, very few moments in my life havebrought me the same magnitude of joy that emanates from my playing music andsharing it with listeners in the South Coast or in various corners of the US and multiple parts ofthe world – many of them my friends, or soon to be my friends.
A long string of stories have unwound throughout the last oneand a half decades.
It is actually curious how Brazilliance has had a role in international romantic relationships.
The first friend I ever made in the South Coast became the greatestspokesperson and public relations for the show.
Now retired, philosophy professorRick Hogan once printed 1,000 business cards featuring Brazilliance information, so that whenever and wherever he traveledaround the world – and he did much of it – he would promote the show at bars,hotels, or street events.
It was, in a way, his gift back to me, since Brazilliance had numberless times helpedhim have a “date” with his Valencian girlfriend, Blanca Rodrigues.
When she wasin Spain and he in Fairhaven, they would enjoy Brazilliance together, one on FM, the other on the web.
Rick andBlanca would ask me to dedicate songs to each other, thus helping them feel abit closer through Lusophone music.
Community LinksThe word community may relate to a wide variety of conceptstied to the gathering of people connected by their faith, fate, commoninterests or other attributes.
As far as Brazillianceis concerned, “community” now is not a global construct, as it was in theprevious section of this talk.
It applies, instead, to different groups ofpeople on and around UMass Dartmouth campus.
My radio show has brought into thestudio and onto the airwaves not only local musicians, such as mandolin playerMarilynn Mair or classical guitarist Antonio Massa Viana, but also my ownstudents, or College Now students, or cultural agents, such as Tagus Pressdirector, Prof.
Christopher Larkosh, other professors, and journalists.
I continue to have the opportunity to presentthematically-oriented shows.
Celebrating Women’s History Month, for instance, Ionce did a double show, that is, a six-hour long program, on Brazilian womensingers and songwriters whose name initials covered the entire alphabet.
Another show featured music by Lusophone expatriates around the globe.
A thirdexample was a mix of lecture and songs based on literary works that evoke musicas a fictional theme.
Beyond that, I suspect that the longest radio productionever made in the United States on one single Lusophone musician was mine.
In 2003,a Brazilliance special edition onVeloso’s life and cultural legacy ran on air for five weeks.
It was 13 and ahalf hours long.
For me, some of the most enjoyable special editions have beenthose in connection with my scholarship and my teaching, like the on Veloso -- that Bahian pop-star, a seminal vanguard singer-songwriter and a highly respectedintellectual.
As a scholar I have developed a line of research that intertwinesliterature and music through various lenses of the cultural studiesperspectives, including gender studies.
The very first literature class I everthought, back at the University of Minnesota in 1994, was an advancedundergraduate course on Veloso’s poetic music and its dialogs with theliterature written in roughly the same time-frame, the 1960s, 70s, and 80s(Clarice Lispector, Guimarães Rosa, and João Cabral de Melo Neto, for example).
I am also honored that a good number of my undergraduate andgraduate students have produced or co-produced and presented with me live showsof their own.
More recently, a current UMass Dartmouth graduate student, FaustaBoscacci, prepared and presented an entire show on that Bahian bard.
Inaddition, not too long ago, another graduate student, Marina Bertollini, developed and broadcast with me a full three-hour program on Rio Grande do Sul singerElis Regina.
No show, however good, could conceivably go on forever, saidan unsettled American writer by the name of H.
L.
Mencken.
That’s why we mustbe concerned with every opportunity at hand and with the legacy we leavebehind, either for future generations or for those who could have but actuallydid not enjoy radio productions that may disappear, like Brazilliance.
On the dark side of this scenario, there looms the possibledemise of WUMD as a radio station.
UMass Dartmouth top administration hassigned a deal with Rhode Island Public Radio which would silence our FM broadcastingforever.
Brazilliance and WUMD atlarge would be reduced to on-line streaming only! How pathetic, if no more than6% of the US population presently listens to Internet radio! Many of us knowthat our station is a Commonwealth asset of the sort that cannot be sold to adifferent state without proper state approval.
In the meantime, the FederalCommission on Communications is examining that so-called “sale” of WUMD’s 89.
3 FMlicense, a deal packaged as “donation” in exchange for 1,5 million dollars, broken peanuts in the large scopeof the university’s budget.
On the bright side, the acclaimed Pacifica Radio has expressedserious interest in syndicating my show and sharing it nationwide.
There ismore: one of my beginning Portuguese language students asked me, last semester,to tutor him into the magic of radio production and broadcasting.
His name is MichaelBenjamin, a Portuguese-American millennial.
He and I are delighted that, now,he himself has his own show on WUMD.
It is called Wild World.
It runs on Wednesdays 3:00-6:00PM.
I am very glad toadd that Mike also plays a great number of Lusophone music.
On yet anotherbright side, librarian Sonia Pacheco tells me that Claire T.
Carney University Libraryis willing to archive and make available on-line, for all interested, a great numberof past and future Brazilliance shows.
There is a great deal of sadness in me and in many other soulsout there these days, when each of us, staff and listeners alike, thinks ofWUMD 89.
3 FM.
The muzzle or the murder, whatever metaphor we choose, will notstop us from reaching out to and sharing our passion for music and culture withour personal, global and local communities, no matter what medium we must use.
Weat the station are disgusted and stunned, but also proud and resilient.
*This speech has not been publiclydelivered due to a scheduling conflict.
In the meantime, the sale of WUMD toRIPR has been approved by the FCC (Federal Commission on Communications).
OnJune 26, 2017, our FM radio station will pass away as such.
It is time to mournits death, but it is also time to celebrate its history of long lasting impact andachievements.
We will continue to do our best while wearing another hat: WUMD.
ROCKS,our new name and website already available at www.
wumd.
rocks.
Posted bydjborimat09:27Nenhum comentário: sexta-feira, 10 de março de 2017 Soccer Woes and Cheers Soccer Woes and CheersDário Borim Jr I love soccer.
What’s the big deal? I know so many people dotoo, around the world, but I need to say it again, because the occasion callsfor it.
I will mention the final score, so do not read these notes, in case youhave recorded and not seen yet the European Champions League match thisafternoon between the giants Barcelona and Paris Saint-Germain, in Spain.
Itseems that after Brazil’s surreal 1 x 7 loss to Germany in the World Cup, inBelo Horizonte, nearly three years ago, huge defeats or huge wins are no longerthat big of a deal.
Soccer lovers still love picking on friends, though, whensome shameful performances stain the image of their teams.
It is true thatBrazilians have experienced a bit of a revenge by grabbing the unprecedentedGold Medal while defeating the Germans in the last Olympics, in Rio.
Nonetheless, we remain the targets of some mockeries here andthere.
A few weeks ago, a fellow soccer-loving professor at UMass Dartmouthfelt like mocking me.
This time it was not a loss by Brazil.
Brazil hasactually bounced back and presently stands number one on the FIFA’s list ofbest national teams in the world.
We are basically the first and only nationtechnically on the brink of qualifying for the 2018 World Cup, to take place inRussia.
This time my colleague assumed that my European team wasBarcelona, so he was up to a laughter on my account, because the Catalan teampropelled by the magical offense trio from the Southern Cone of South America(Argentinean Messi, Brazilian Neymar, and Uruguayan Suárez) had surprisinglylost by 0 x 4 to Paris Saint-Germain, in France.
Laughing, he asked me if I wasupset.
I asked why.
He answered with a question: “Aren’t you a Barcelona fan?”I said no.
He insisted, “don’t you root for Neymar? What is your team inEurope?” I replied that many European teams have one to five Brazilian players,and that I had no reason to root for Neymar in particular or any European team,since I have my own team in Brazil, Atlético Mineiro, aka Galo, and feel noaffection or personal attachment to any European squad.
Honestly, if I root at all, I prefer wishing the best to theunderdogs, not the powerhouses like Barcelona, Bayern Munich, Chelsea or RealMadrid.
Indeed, my usual non-alliance frees me to enjoy soccer as art, for art’ssake.
I do not suffer anxieties watching those games, unlike the way I root formy squad from Belo Horizonte.
I asked my friend, who is a native from Jamaica, what hisfavorite team was.
He told me it was Arsenal, one of the most successful teamsin the United Kingdom.
In that European tournament, teams play once home andonce away.
The combination of both scores determines who advances to the nextplayoff phase and who falls through the cracks.
Well, well: the world of soccer has its myriad ironies,sometimes, multiples “revenges” after one single loss.
This time around, therewere three “soft revenges” to my friend’s mockery.
Yes, soft, because my teamand my loyalty were not the target, even though my colleague had poked me, asif he had something to bug me for.
Just a couple of days after that short chat,my colleague’s team lost to Bayern Munich by 1 x 5 in Germany, the samedifference of goals between Barcelona and Paris Saint-Germain.
I would have joked about it,had I seen my colleague after that game.
In fact, I have not seen him yet.
Itwill be a cheerful occasion for me, because, if Arsenal already lost “big” inthat first game, it also lost the second match, by the same shameful score,just a bit worse: at home, in front of its own fans.
Now, to round this up,“my” European team executed a sort of miracle: Barcelona demolished ParisSaint-Germain, 6 x 1, in Spain.
I know, I know: it’s just a game! But how funit is to come around after an unforgettable debacle.
Brazil’s national teamreawakening did not solve the country’s real problems, and there was no panaceathis afternoon in Barcelona, but life does go on now a bit brighter andpleasantly more cheerful.
Posted bydjborimat19:52Nenhum comentário: sexta-feira, 3 de junho de 2016 Auto-Retrato Auto-Retrato Desde pequeno tenho sido uma pessoa extrovertida.
Para mim,compartilhar é um imperativo.
É como respirar.
Por isso sou tradutor, e foi umatremenda honra passar para o inglês o livro Umhomem iluminado, a biografia de Tom Jobim escrita por sua irmã, HelenaJobim, e publicá-lo aqui nos Estados Unidos.
Por querer compartir ao máximo queposso, escrevo crônicas que ocasionalmente saem no jornal A Voz da Cidade, de Paraguaçu, em meu blog Ponteio Cultural, e em livros, jornais e revistas editados no Riode Janeiro, Miami, e Fall River, Massachusetts.
Pela mesma razão, fiz-me professoruniversitário, com artigos publicados na Bélgica, França, Inglaterra, Peru eTaiwan, entre outros países, e também adoro dar palestras dentro e fora do mundoacadêmico.
Pelo mesmo ímpeto, sou DJ voluntário de uma estação de radio FM háquinze anos, junto à Universidade de Massachusetts Dartnmouth, onde leciono literaturabrasileira desde o ano de 2000.
Meu prazer é enorme e intraduzível em palavras,ao selecionar e tocar canções para ouvintes espalhados pelo mundo afora, viainternet, como se amigos meus estivessem em minha casa e eu os recebesse aossons de uma MPB, um fado, ou uma coladeira.
Tenho praticadooutras formas de expressão.
Recentemente, o Museu da Baleia de New Bedford deu-mea honra de montar uma exposição que reuniu, exclusivamente, 18 de minhasfotografias: Acquaviva: Águas e Humanosdo Brasil e Portugal.
São resultado de uma vida de viajante.
A condição de estrangeironos Estados Unidos, cuja família brasileira permanence inteirinha no Brasil, mefaz voltar frequentemente ao país natal.
Por outro lado, enquanto professoruniversitário tenho tido a chance de visitar vários países para apresentar meustrabalhos acadêmicos.
Nos últimos três anos, por exemplo, estive em novepaíses, alguns dos quais com enorme inspiração para uma alma fotográfica –entre eles, Egito, Escócia, Irlanda, Grécia, Marrocos, e Turquia.
De fato, minhaatração pela criação e reprodução de imagens tem crescido gradativamente aolongo dos últimos oito anos, até quase chegar ao nível da obsessão.
Assim metornei um fotógrafo amador prolífico e incansável de todas as coisas, grandesou pequenas, próximas ou a anos-luz de distância.
Minhas lentes podem recair sobreuma cidade inteira, como a de Paraguaçu, vista da serra da Matinada, ou sobreos gigantes paredões da costa rochosa de Sagres, no extremo sul de Portugal.
Minhas fotos também podem ser de pequeninos insetos, gotas d’água, ou de flocosde neve.
Sem dúvida, porém, estes são meus temas favoritos: a lua, o pôr dosol, nuvens, árvores, flores, estradas e janelas.
Acima de tudo, contemplo eretrato as águas, como as dos açudes, lagos, mangues, praias, rios e riachos.
Particularmente,me fascinam as imagens abstratas, impressionistas, distorcidas, e mutantesrefletidas na superfície ou ao fundo delas.
Posted bydjborimat09:49Nenhum comentário: sábado, 2 de abril de 2016 O Grande Dia dos Coxinhas do PT nos EUA O Grande Dia dos Coxinhasdo PT nos EUADário Borim Jr.
UMass Dartmouth “Perfil ‘coxinha’ dominamanifestações pró e anti-Dilma em São Paulo”.
Essa é uma manchete da Folha deSão Paulo de ontem, 1 de abril, 2016.
Também ontem, no segundo dia do congressointernacional da BRASA, Brazilian Studies Association, sendo realizado naUniversidade Brown, instituição da Rede de Elite (Ivy League) dos EstadosUnidos (como a Harvard e a Yale), pude ver muitos coxinhas em ação política.
 Aliás, como eu mesmo, lásó havia ‘coxinha’ numa sessão plenária com algumas centenas de acadêmicos.
Numembate bem mais quente que uma simples brasa, venceu a ala de opiniãomajoritária presente na hora da votação sobre uma declaração dita em defesa dademocracia e do estado de direito.
Inicialmente, lá não se encontrava nem umquarto dos associados da BRASA (quando teve início a sessão).
Duas horasdepois, na hora de apurar votos, não se encontrava mais ali nem a metade dopúblico antes presente.
 Éramos todos coxinhas,sim, dentro dos dois critérios – escolaridade e vencimentos – que usa o textodaquela reportagem comentando uma pesquisa realizada pelo Datafolha.
Na avenidaPaulista, no dia 13, na maior manifestação a favor do impeachment, diz oDatafolha, “77% dos presentes tinham ensino superior.
Proporção semelhante(73%) foi encontrada na praça da Sé na última quinta-feira (31), último ato emdefesa da presidente”.
No quesito salário, “se dá relação parecida.
Na praça daSé, entre manifestantes pró-Dilma, metade declarou ganhar de 5 a 50 saláriosmínimos mensais.
O índice é o dobro do registrado entre a população paulistanae guarda mais semelhanças com o dos presentes ao ato anti-Dilma da avenidaPaulista (61%)”.
Este é o link:http://www1.
folha.
uol.
com.
br/…/1756731-perfil-coxinha-domin… Reunidos na Brown, éramostodos doutores ou quase doutores de alguma ciência ou humanidades, com ou acaminho de salários bem avantajados, se comparados com o resto da população.
Mas pela complexidade e profundidade do debate, não parecíamos não.
Ao fim dasessão, onde se discutiram os problemas e potenciais dos estudos brasileirosnos EUA, um dos distintos coxinhas, um brasileiro como eu, apresentou um textoimpresso em uma única página em defesa da democracia e do estado de direito.
Houve muitos depoimentos, provavelmente um depoimento contra a adoção daqueledocumento a cada 10 vozes que tomavam o microfone apoiando a iniciativa.
Maspouco se discutiu sobre os problemas do Brasil e o que de fato está ocorrendonesse período de crise econômica, institucional, legal, moral e policial.
Odocumento apresentado, já circulando com algum alcance na internet, caiu depára-quedas e convenceu a maioria que o aprovou erguendo os braços.
 Apesar das boas intenções(a defesa da democracia e do estado de direito), é lamentável se perceber oexagero da retórica e a manipulação dos fatos naquele texto sem autorexplícito.
Imaginem que o texto condena a atual hegemonia da mídia e aalienação que ela supostamente fomenta através da censura e da manipulação dosfatos como se esses abusos hoje fossem piores do que aqueles do período da maisrecente e mais sangrenta ditadura militar brasileira.
Por outro lado, nada sefala das ações anti-éticas do foro que veio acobertar o ex-presidente Lula daSilva em momento em que já era investigado pela Polícia Federal.
 Não se menciona o fato deque o aliado mais poderoso do ex-presidente, José Dirceu, esteve envolvido atéo pescoço no maior escândalo da história política do Brasil até então, o ditoMensalão, quando parlamentares ganhavam salários mensais para aprovar medidasdo governo federal, tudo sob as narinas do ex-presidente, que “não sabia” denada.
Até mesmo encarcerado o distinto punho-forte do ex-presidente nãodesistiu de suas negociações e enriquecimento fraudulento, atuando naquele quejá se tornou o maior escândalo mundial em termos de roubo/suborno/corrupção entrepolíticos, as propinas da Petrobrás.
No momento já se apuraram nos bancossuíços nada menos que 800 milhões de dólares desses furtos.
Muito mais aindavai ser descoberto, pelo ritmo das investigações.
Então ontem, dia damentira no Brasil e aniversário do nefasto golpe militar de 1964, a assembléiada BRASA votou e aprovou uma declaração política cujo conteúdo não faz justiçaao nível dos trabalhos acadêmicos desenvolvidos pelos seus constituintes.
Muitose falou naquela sessão sobre o dever que tem o intelectual de se posicionarpublicamente sobre as crises.
Houve de fato uma primeira votação que aprovoupor vasta maioria, quase unanimidade, a moção para que a BRASA semanifestasse de algum modo sobre a crise brasileira.
 Infelizmente o que se fezfoi uma pobre expressão de politicagem tendenciosa que ignora o que maioria dosbrasileiros já vê, sem nenhum PhD: que o país está mal, muito mal, e só poderáencontrar uma saída, mesmo que penosa, através da justiça e da punição, doa aquem doer, onde ela couber pelos trâmites da lei, para todas as pessoas, sejamelas parlamentares ou apoiadores de centro, direita ou esquerda, ou nada disso,pois sabemos muito bem como dançam entre essas posições os nossosrepresentantes e os outros tantos poderosos de nossa sociedade.
Impeachmentestá na constituição, e deve ocorrer quando um Collor da vida ou outro bandidoou "presidenta" (sic!) for legitimamente condenado/a.
Golpes, esperamos, nunca mais, nemaqueles de se virar ministro no cair da noite para se fugir da polícia.
(Ver abaixo a declaração, na íntegra.
) Posted bydjborimat10:592 comentários: Postagens mais antigasPágina inicialAssinar:Postagens (Atom)FeedjitFeedjit Live Blog StatsFeedjitFeedjit Live Blog StatsFacebook BadgeDario Borim Create Your BadgeArquivo do blogDário Borim Jr.
djborimSouth Dartmouth, Massachusetts, United StatesProfessor de literatura e cultura luso-brasileiras, produtor e apresentador de programa de rádio e internet (www.
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rocks), amigo das letras, da música, da dança, da fotografia, das artes, das conversas de peito aberto, e das aventuras mundo afora.
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