Marcos E. F. Marinho, Sorocaba - SP

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Marinho | PSICOLOGIA & PSICOTERAPIA - - Marcos E.
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Marinho PSICOLOGIA & PSICOTERAPIA Ir para conteúdo ANÁLISE DA ESCOLHA PROFISSIONALSERVIÇOS ← Posts anteriores As palavras eram conchas de clamores antigos Publicado em 23/04/2017 por Marcos E.
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Marinho “Porque eu havia lido em algum lugar que as palavras eram conchas de clamores antigos.
Eu queria ir atrás dos clamores antigos que estariam guardados dentro das palavras.
Eu já sabia também que as palavras possuem no corpo muitas oralidades remontadas e muitas significâncias remontadas.
Eu queria então escovar as palavras para escutar o primeiro esgar de cada uma.
” .
– Manoel de Barros, em “Memórias inventadas”.
Minha infância.
São Paulo: Planeta, 2003.
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Publicado em psicologia | Marcado com existências, humanismo, Manoel de Barros, psicologia | Deixe um comentário Quando procurar um psicólogo? Publicado em 10/01/2017 por Marcos E.
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Imagem | Publicado em 10/01/2017 por Marcos E.
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Marinho | Marcado com angústia, ansiedade, estresse, pensamentos depressivos, pscoterapia, psicodiagnóstico, sofrimento psíquico | Deixe um comentário A Narrativa sobre nossa própria vida.
Publicado em 27/12/2016 por Marcos E.
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Marinho Nossa existência pessoal não é um amontoado desorganizado de fatos, seu sentido se mostra nas histórias que contamos para nós mesmos e para os outros.
O estabelecimento de uma costura, feito um alinhavo de linhos, permite compreender as possibilidades que se abrem para as transformações, tecendo, enxergamos nossas potencialidades.
Segundo Dulce Critelli, o padrão existencial se apoia em frases que as pessoas ouvem de outras ou que, acriticamente, dizem para si mesmas.
Ela chama essas frases de “relatos”.
São afirmações curtas e fragmentadas, muitas vezes aprendidas na infância, e repetidas ao longo da vida.
Perpetuando-se pela repetição, perpetuam também, como se fosse fatalidade, um determinado modo de ser.
Não raro, as pessoas veem-se enredadas, presas a emaranhados de crenças e relatos fatalistas, estabelecendo, padrões que elas mesmos criaram e perpetuaram ao longo dos anos.
Quando trazem tais “relatos” por exemplo, por meio da psicoterapia, submetendo-os ao crivo da reflexão, começam a se libertar desse padrão de estagnação, e assim, suas vidas podem retomar a caminhada, de modo mais fluído e coerente com novas possibilidades existenciais.
Na análise, trata-se de substituir os relatos acríticos e fragmentários que povoam a linguagem vulgar por uma historia pessoal construída a partir da reflexão própria do sujeito.
É esperado que, ao se apoderar dessa história, da sua história, o indivíduo ao mesmo tempo, compreenda os sentidos de seu ser, se empodere, saindo da condição de vítima passiva de uma imaginária fatalidade para se tornar autor, apropriando-se de sua história e das possibilidades que se abrem.
Marcos E.
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Publicado em Dasein, Desenvolvimento Afetivo, existência, psicologia, psicoterapia, saúde mental, sofrimento psíquico, subjetividade | Marcado com Narrativa, psicologiaclinica, Psicoterapia Existencial, Qualidade de Vida | Deixe um comentário Perdas irreparáveis e o Luto.
O papel do Psicólogo.
Publicado em 26/12/2016 por Marcos E.
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Marinho Por Marcos E.
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MarinhoA sensação que a maioria das pessoas sente de que a vida passa rápido demais, e mais, de que ela não é estável ou de águas calmas, é um aprendizado que a maturidade trás á todos, cedo ou tarde.
Como pano de fundo, a questão da consciência da própria finitude e daqueles que amamos, numa sociedade calcada na publicidade jovem, constitui-se num duplo desafio aos psicólogos que acolhem em seus consultórios pessoas em processo de luto.
A complexidade envolvida na experiência do luto se mostra muita acima das capacidades e recursos internos de muitos indivíduos, e nesses casos o trabalho do psicólogo, se mostra de vital valor àquele que sofre.
O luto se apresenta de maneira distinta e variável para cada uma das pessoas, para alguns podem ocorrer por antecipação, como uma forma de organização interna em relação a uma perda eminente, para outros o luto tardio, quando o impacto é muito grande e não se pode ou não se consegue olhar para a perda no momento, e muitas vezes, a dor irreparável no momento mesmo da perda, o desespero, a dor como se algum de nossos membros fosse amputado,  e tantas outras expressões de sofrimento diante de uma perda de alguém significativo em nossa vida.
Nem sempre o luto se dá naquela famosa sequencia negação/raiva/negociação/depressão/aceitação, algumas pessoas não conseguem ultrapassar uma dessas fases e a aceitação parece estar num horizonte distante.
Como então o psicólogo pode ajudar uma pessoa em processo de elaboração do seu luto? Como pode o psicólogo, no desempenho de seu papel profissional,  colaborar para que, o tratamento, torne-se a ocasião para uma efetiva elaboração da perda, capaz de produzir na subjetividade da pessoa que sofre, ferramentas internas capazes de produzir um sentido emancipatório, de maturação do Eu e de fortalecimento para o enfrentamento de frustrações e dores que a experiência da vida nos trás?Levando em conta, as singularidades, o primeiro passo se dá a partir de uma avaliação da condição do enlutado para que a partir daí possa ser criado um planejamento terapêutico específico, oferecendo suporte para que a pessoa possa dar conta das exigências do cotidiano tanto quanto possível.
E então passar a cuidar do  essencial, o caminho da aceitação e dar sentido (existencial) a experiência da perda bem como da capacidade de seguir adiante.
A estratégia clínica sob a qual a psicoterapia (tanto individual, como de grupo ou familiar) se desenvolverá, em geral terá um objetivo que cabe para todas as situações de luto, o de elaboração do luto, a de favorecer a criação de suportes e alavancas para que a pessoa possa se adaptar à condição de viver sem aquele que se foi e estabelecer novos sentidos que possam ser compreendidos como uma reorganização de sua subjetividade e dos novas possibilidades de existir que se mostram a partir de então.
P.
S.
:Sobre as fases do luto, consagradas em estudos de psicologia sobre o enlutamento.
(*negação – (A dor da perda seria tão grande, que não pode ser possível, não poderia ser real) ; raiva – (depois da negação.
Vem um pensamento de “ porque comigo?” ); A negociação – O individuo começa a avaliar a hipótese da perda, e perante isso tenta negociar, a maioria das vezes com Deus, para que esta não seja verdade.
As negociações com Deus, são sempre sob forma de promessas ou sacrifícios); A depressão – A depressão surge quando o individuo toma consciência que a perda é inevitável e incontornável.
Toma consciência que nunca mais irá ver aquela pessoa (ou coisa), e com o desaparecimento dele, vão com ela todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.
Aceitação – Última fase do luto.
Esta fase é quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero nem negação.
Nesta fase o espaço vazio deixado pela perda é preenchido.
Esta fase depende muito da capacidade de constituir novos sentidos existenciais e novas possibilidades ).
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Publicado em psicologia | Marcado com consulte um psicólogo, enlutamento, luto, morte, perdas | Deixe um comentário COPENHAGEN Publicado em 12/10/2016 por Marcos E.
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Marinho  TRAILERA história de Willian, nova-iorquino, filho de pai dinamarquês desaparecido, viaja até Copenhagen para desfazer nós e pontos obscuros de sua história familiar, e aos poucos, essa busca vai se tornando mais ampla, quase que uma jornada em busca de si mesmo, nesse sentido lembra muito um processo de psicoterapia em que sendo fiado os tecidos de nossa história abre-se a possibilidade de descobrir quem somos, ao mesmo tempo que somos transformados nesse percurso.
No filme Copenhagen, Willian tem em sua jornada a ajuda de Effy, que representa um papel quase que terapêutico, por ajudá-lo a enfrentar a aspereza de sua história familiar Nesse caminho ambos se afetam, se descobrem, revelam segredos, o desejo de assumirem as rédeas de suas vidas e suas limitações.
Bom, essa história é contada de modo leve, sutil e tendo como cenário Copenhague, a bela capital da Dinamarca.
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Publicado em psicologia | Marcado com cinema, copenhagen, copenhague, existência, fenomenologia existencial, psicoterapia | Deixe um comentário Natureza da Existência Publicado em 15/08/2016 por Marcos E.
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Marinho Maltratadas, deformadas, desgastadas pelo tempo, os sapatos mais discutidos na história da arte: um par de botas pretas que Vincent Van Gogh pintou em 1886 em Paris, sem suspeitar o debate filosófico que provocaria.
Até hoje, os filósofos e historiadores de arte têm visto esse quadro e discutem sobre a função da arte, o valor da interpretação e da natureza da existência.
“Caminhante, são teus passos o caminho e nada mais; Caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar.
Ao andar se faz caminho, e ao voltar a vista atrás se vê a senda que nunca se voltará a pisar.
Caminhante, não há caminho, mas sulcos de escuma ao mar.
”Antonio Machado Poema XXIX de Provérbios y CantaresCompartilhe:Curtir isso:Curtir Carregando.
Publicado em fenomenologia, psicologia | Marcado com arte, fenomenologia existencial, psicologia, Van Gogh | Deixe um comentário Amor e dependência afetiva Publicado em 03/08/2016 por Marcos E.
F.
Marinho Por Marcos MarinhoAo longo da vida vão se formando algumas convicções quando o assunto é amor, soa como verdade que são mais felizes e completas, as pessoas que estão numa relação amorosa ou que possuem uma “cara metade”, que isto seria essencial para fugirmos da solidão e nos distanciarmos da imagem de alguém incapaz em manter relações ou vínculos.
Embora tenham alguma base na realidade, tais idealizações podem trazer embutidas equívocos e limitar nosso desenvolvimento pessoal e afetivo se não for bem compreendida.
Estas convicções associadas a pressões sociais e inseguranças internas podem levar a um modo de se relacionar amorosamente que sob o manto do cuidado do outro, pode esconder tentativas de controle, de se jogar um fardo sobre o par amoroso, conduzindo a relação a uma experiência a dois, sufocante, rarefeita e em ultima análise empobrecida.
Nestes casos, os sinais mais comuns e observados em casais são os relatos de sentimentos difusos de esvaziamento, de perda de energia sexual, tédio, irritabilidade, até ao ponto que estar com o outro pode representar uma experiência aversiva e sufocante.
Isto não implica dizer que o outro extremo, ser negligente e desatento na relação seria uma alternativa aos excessos cometidos por uma carência ou inseguranças afetivas.
Estou tratando aqui de casos mais severos, de extremos de cuidados e controles sobre o par amoroso e que podem levar ao esgotamento da relação.
Por experiência ou observação sabe-se que a relação amorosa traz alegrias e otimismo para a vida cotidiana, ainda que não pareça interessante colocar a relação amorosa como única fonte de realização pessoal, conforto e bem estar ou com ela compensar as faltas e fracassos de relações anterioresHá uma sabedoria, sem negligenciar a relação, em desenvolver interesses e planos próprios, objetivos e sonhos que não estão necessariamente dependentes da relação amorosa, permitir-se encontrar referências que lhe possibilitem expandir sua experiência existencial e humana, enriquecendo-as e então partilhar desse caminho com o par amoroso.
Muitas vezes ocorre o inverso, as pessoas vão paulatinamente se afastando de atividades, amigos e familiares quando se inicia uma relação, tornam-se relapsas na vida profissional, nas finanças, deixando tudo e todos em segundo plano.
Quando se consegue priorizar os aspectos da vida que são singulares e pessoais, e numa experiência de alteridade compartilhamos com o par amoroso criamos as condições para continuarmos a ser admirados, amados e nossa presença reconhecida na relação.
Mas se vencido pelas carências e medos, a pessoa destinar toda sua energia e foco na relação amorosa, esquecendo-se de si e de suas responsabilidades individuais, veremos pouco a pouco instalar-se ma dinâmica em que o sentimento amoroso do casal passa a ser acossado por sensações difusas e ambíguas, com riscos de desgastes, sendo a convivência percebida como fonte de angustias crescente.
  Se entendermos que uma relação satisfatória envolve o compartilhamento de experiências e sentimentos, de sonhos e projetos, mas também de momentos individuais e singulares que servem para oxigenar a relação e dar-lhes frescor, implica dizer que o respeito a si e ao seu par amoroso, aliada a um modo de amar que não aprisione, constituem-se num dos maiores desafios das relações amorosas na atualidade.
– Marcos Marinho é psicólogo clinico e mestre em Psicologia pela PUC/SP.
É Professor e Supervisor Clínico da Faculdade de Psicologia da Unip.
Atende em consultório particular no município de Sorocaba, interior paulista.
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Publicado em Cuidado, Desenvolvimento Afetivo, emoções, psicologia, psicoterapia | Marcado com amor, Amor Romântico, Dependência Amorosa, felicidade, intimidade, psicoterapia, relações humanas | Deixe um comentário A NOÇÃO FENOMENOLÓGICA DE EXISTÊNCIA Publicado em 02/08/2016 por Marcos E.
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Marinho Trecho de Artigo do Profº Roberto Novaes de Sá  “A noção fenomenológica de existência e as práticas psicológicas clinicas”.
Uma das contribuições mais fundamentais da fenomenologia para a psicologia é a compreensão do modo de ser do homem como “existência”, tal como elaborada por Heidegger em sua obra “Ser e tempo”, de 1927.
Embora de uso corrente nas chamadas psicologias fenomenológico-existenciais, nas correntes humanistas e mesmo tendo ganhado estatuto conceitual em outros discursos clínicos, a noção de “existência” carece ser permanentemente problematizada com relação a sua compreensão própria, pois a radicalidade que a torna um diferencial na história recente das idéias filosóficas e psicológicas tende a ser facilmente perdida em prol de um nivelamento com as concepções naturalistas mais usuais sobre o ser do homem.
HusserlEssa dificuldade não deriva simplesmente de uma negligência voluntária dos psicólogos que utilizam o termo.
A noção de “existência” só pode ser devidamente compreendida à luz de uma atitude, ou modo específico de atenção que, segundo Husserl, não é aquele em que nos encontramos naturalmente na vida cotidiana, nem mesmo quando empregamos a racionalidade científica para abordar a realidade.
A expressão “atitude natural” denomina nossa tendência de tomar todas as coisas que encontramos no mundo como se já sempre estivessem dadas aí, indiferentes à nossa relação de sentido com elas.
O próprio sujeito é tomado como algo dado dentro de um mundo pré-existente a ele.
A diferença entre o modo de ser do sujeito e o das outras coisas restringe-se, a partir de uma ontologia cartesiana, em ter ou não uma natureza extensa, mas, para aquém desta diferença, ambos são ainda simplesmente dados dentro do mundo.
Colocar-se numa perspectiva fenomenológica é suspender essa suposição “natural” de uma realidade “em si”, realizar uma epoché, retornando para as coisas apenas enquanto dadas à experiência.
É envolver-se em um modo de atenção em que experienciamos com toda evidência que o mais “concreto” não é essa suposta “realidade em-si do mundo”, o mais “concreto” é sempre o próprio acontecimento imanente da “experiência” enquanto dinâmica constitutiva de sujeito e objeto.
Para nos auxiliar a uma aproximação compreensiva deste plano de constituição dos entes, que não é ele mesmo ente algum, podemos recorrer a um koan da tradição Zen Budista, conhecido e evocado por Heidegger em um diálogo ocorrido em 1958, em Freiburg, com o filósofo japonês da escola de Kioto e mestre zen da tradição Rinzai, Sh.
Hisamatsu (Saviani, C.
, 2 2004, p.
, 92).
Trata-se de uma pergunta que, ao invés de levar a uma resposta específica, visa deslocar a perspectiva de compreensão do interrogado.
O mestre bate palmas com as mãos e pergunta ao discípulo:“Qual é o som que surge de apenas uma das mãos?” (Samten, P.
, 2001, p.
41) Quando batemos a mão contra algo como uma mesa, um livro ou um copo de vidro, identificamos diferentes sons que são atribuídos aos próprios objetos.
Dizemos: este é o som da madeira, este do vidro, etc.
Quando batemos uma mão espalmada contra a outra, de qual das mãos seria o som, sendo ambas iguais? Percebemos então que o som não é atributo de um objeto, surge da relação.
Ampliando esta reflexão, podemos ver que todas as atribuições de qualidades que fazemos às cM.
Heideggeroisas, como se fossem características inerentes a uma substância, são frutos de uma simplificação ingênua.
Antes de qualquer substância extensa ou psíquica, inferida como suporte de qualidades, há uma dinâmica de “originação interde pendente” entre sujeito e objeto.
Podemos aproximar, com as devidas reservas, essa concepção budista da originação interdependente e a compreensão heideggeriana sobre a co-originariedade de homem e mundo.
Essa abertura originária de sentido, jamais objetivável como algo dentro de um mundo pré- existente, é aquilo que Heidegger denominou como “existência”, “ser-aí” (Da-sein) ou “ser-nomundo”.
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Publicado em fenomenologia, psicologia, psicoterapia | Marcado com clínica psicológica, existência, fenomenologia existencial, filosofia, heidegger, hermeneutica, práticas clínicas, psicologia, psicoterapia | Deixe um comentário A ilusão das redes sociais Publicado em 12/07/2016 por Marcos E.
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Marinho O narcisismo, a superficialidade e o distanciamento, entre outras características das relações virtuais, formam pessoas cada vez mais individualistas e egoístas.
Por Dulce Critelli – Carta na EscolaÉ indiscutível o importante papel que as redes sociais desempenham hoje nos rumos de nossa vida política e privada.
São indiscutíveis também os avanços que introduziram nas comunicações, favorecendo o reencontro e a aproximação entre as pessoas e, se forem redes profissionais, facilitando a visibilidade e a circulação de pessoas e produtos no mercado de trabalho.
A velocidade com que elas veiculam notícias, a extensão territorial alcançada e a imensa quantidade de pessoas que atingem simultaneamente não eram presumíveis cerca de uma década atrás, nem mesmo pelos seus criadores.
Temos sido testemunhas, e também alvo, do seu poder de convocação e mobilização, assim como da sua eficiência em estabelecer interesses comuns rapidamente, a ponto de atuarem como disparadoras das várias manifestações e movimentos populares em todo o mundo atual.
Portanto, não podemos sequer supor que elas tragam somente meras mudanças de costumes, porque seu peso, associado ao desenvolvimento da informática, é semelhante à introdução da imprensa, da máquina a vapor ou da industrialização na dinâmica do nosso mundo.
As redes sociais provocam mudanças de fundo no modo como as nossas relações ocorrem, intervindo significativamente no nosso comportamento social e político.
Isso merece a nossa atenção, pois acredito que uma característica das redes sociais é, por mais contraditório que pareça, a implantação do isolamento como padrão para as relações humanas.
Ao participar das redes sociais acreditamos ter muitos amigos à nossa volta, sermos populares, estarmos ligados a todos os acontecimentos e participando efetivamente de tudo.
Isso é uma verdade, mas também uma ilusão, porque essas conexões são superficiais e instáveis.
Os contatos se formam e se desfazem com imensa rapidez; os vínculos estabelecidos são voláteis e atrelados a interesses momentâneos.
Além disso, as relações cultivadas nas redes sociais se baseiam na virtualidade, portanto, no distanciamento físico entre as pessoas.
Isso nos permite, com facilidade, entrar em contato com as pessoas e afastá-las quando bem quisermos.
Tal virtualidade garante comunicação sem intimidade.
Em 1995, quando as redes sociais nem sequer eram cogitadas, o filme americano Denise Calls Up (Denise Está Chamando) já apresentava uma crítica às relações estabelecidas entre as pessoas através dos recursos da época: computador, telefone e aqueles enormes celulares.
Os personagens eram alguns amigos que se comunicavam continuamente, mas tinham muitas dificuldades e até mesmo aversão de se encontrar pessoalmente.
Também namoro e sexo aconteciam virtualmente.
Nunca me esqueci desse filme, impressionada que fiquei com a possibilidade, hoje tão iminente, de mutações essenciais nas condições de nossa existência.
O que aconteceria conosco se não precisássemos mais da proximidade física de uns com os outros? O que morreria em nós, se essa proximidade deixasse de acontecer? Quando Hannah Arendt, pensadora contemporânea da política, analisou os totalitarismos do século passado, apontou para o projeto desses sistemas de tornarem os homens supérfluos.
Para tanto, entre outros expedientes, mantinham as pessoas isoladas umas das outras.
Separavam-nas de seus familiares, de suas comunidades, inclusive das pessoas com quem coabitavam nos galpões dos campos de concentração, instaurando entre elas a suspeita e o medo de delações.
Isolavam classes sociais promovendo contendas e animosidades entre elas.
Isolavam as pessoas do seu próprio eu, exaurindo-as com trabalho e mantendo-as doentes e famintas.
O isolamento torna os indivíduos manipuláveis e controláveis, como coisas.
Os sistemas totalitários sabem muito bem que, isolados, os homens perdem a capacidade de se expor e de agir.
Na nossa atualidade o isolamento tem um perfil diferente, porque é mais voltado para a intensificação do individualismo, cujos interesses afastam-se a cada vez mais das questões sociais.
As recentes manifestações populares embora devam sua ocorrência às redes sociais, mantêm o caráter do individualismo e do isolamento, pois os participantes não criam vínculos entre si.
Expressam suas opiniões, caminham juntos, mas é só isso.
Hannah ArendtArendt tem por pressuposto de suas análises a condição humana da pluralidade, ou seja, o fato de vivermos entre homens e jamais chegarmos a ser nem um ser humano nem mesmo os indivíduos que somos longe da companhia dos outros.
Os outros, tanto quanto o ambiente em que vivemos, nos constituem, daí que, se o distanciamento interpessoal for se estabelecendo como nova condição de existência, nossa própria humanidade poderá sofrer o impacto de uma mutação.
Os próprios equipamentos para acesso às redes, que estão conosco o tempo todo e exercem intenso fascínio sobre nós, corroboram com esse isolamento.
Tenho ficado irritada com muitos de meus alunos que ficam consultando seus celulares e notebooks durante as aulas, como se estivessem fazendo anotações, mas acho que estão ligados às redes sociais.
Talvez as aulas, sobretudo as de Filosofia, sejam muito chatas.
Nelas não se pode pular de um assunto para outro, nem entrar em contato com múltiplas informações ao mesmo tempo, como se faz nas telas do computador, nem ficar livre de esforços do pensamento com análises e reflexões.
Nas aulas não se pode passar por alto dos assuntos e situações.
Já em 1927, em seu livro Ser e Tempo, Martin Heidegger percebia esse comportamento cotidiano dos indivíduos de tomar tudo pelo aspecto e o nomeou de “avidez de novidades”.
O que interessa é sempre a próxima novidade, o próximo assunto, a próxima notícia… Também identificava como “falação” um comportamento complementar: todos falam sobre tudo, sabem de tudo, mas não compreendem nada em profundidade.
Parece que “falação” e “avidez de novidades” estruturam a participação nas redes sociais.
As pessoas já estão acostumadas a comentários rápidos e superficiais sobre tudo e todos.
É fácil ver nesses comentários a preocupação de cada qual em simplesmente dar sua opinião, mais do que ouvir a alheia.
A opinião do outro é apenas a oportunidade para se expressar a sua própria.
O outro parece importar, mas de fato não importa.
Importam apenas a própria posição e a autoexposição.
Daí a constante informação sobre as viagens, os pensamentos, as emoções, as atividades de alguém.
É preciso estar em cena e sempre.
Há nisso um evidente desenvolvimento do narcisismo e, consequentemente, do reforço do distanciamento entre as pessoas.
Zygmunt BaumanFaz parte desse narcisismo o fato de as pessoas terem de tratar a si mesmas como se fossem mercadorias.
Em alguns de seus escritos, Zygmunt Bauman tem apontado para a necessidade das pessoas, sobretudo dos jovens, de se ocuparem sobremaneira com sua imagem nas redes sociais.
Elas precisam escolher as fotos que melhor as apresentem, que as tornem atraentes e desejáveis.
Aquelas que não souberem se vender correm o risco da invisibilidade e da exclusão.
Meu propósito, aqui, foi apenas o de levantar dados para uma reflexão.
Mas quero acentuar que essas tendências das redes sociais – a virtualidade, o distanciamento, a superficialidade, a superfluidade do ser humano, a exposição narcísica, a ilusão de intimidade e popularidade, a “falação” e a “avidez de novidades”… – constituem o padrão de isolamento das relações pessoais.
E quanto mais isolados, mais ficamos à mercê de controles e manipulações.
Cada vez mais ameaçados na autoria do nosso destino pessoal e político.
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Publicado em psicologia | Marcado com Bauman, desenvolvimento humano, existência, hannah arendt, heidegger, intimidade, psicoterapia, Relações Afetivas, Virtualidade | Deixe um comentário Conectados e exaustos Publicado em 04/07/2016 por Marcos E.
F.
Marinho Conectados ao planeta inteiro, estamos desconectados do eu e também do outro.
Incapazes da alteridade, o outro se tornou alguém a ser destruído, bloqueado ou mesmo deletado.
Falamos muito, mas sozinhos.
Escassas são as conversas, a rede tornou-se em parte um interminável discurso autorreferente, um delírio narcisista.
E narciso é um eu sem eu.
Porque para existir eu é preciso o outro.
(Eliane Brum)Compartilhe:Curtir isso:Curtir Carregando.
Publicado em Ansiedade, estresse, psicologia | Marcado com comportamento, consumo, Depressão, psicologia, psicoterapia | Deixe um comentário Palavra e Alma.
Publicado em 20/06/2016 por Marcos E.
F.
Marinho Diz a antropóloga Graciela Chamorro sobre o sentido da palavra para os povos Guarani:“A palavra é a unidade mais densa que explica como se trama a vida para os povos chamados Guarani e como eles imaginam o transcendente.
As experiências da vida são experiências de palavra.
Deus é palavra.
(…) O nascimento, como o momento em que a palavra se senta ou provê para si um lugar no corpo da criança.
A palavra circula pelo esqueleto humano.
Ela é justamente o que nos mantém em pé, que nos humaniza.
(…) Na cerimônia de nominação, o xamã revelará o nome da criança, marcando com isso a recepção oficial da nova palavra na comunidade.
(…) As crises da vida – doenças, tristezas, inimizades etc.
– são explicadas como um afastamento da pessoa de sua palavra divinizadora.
Por isso, os rezadores e as rezadoras se esforçam para ‘trazer de volta’, ‘voltar a sentar’ a palavra na pessoa, devolvendo-lhe a saúde.
(…) Quando a palavra não tem mais lugar ou assento, a pessoa morre e torna-se um devir, um não-ser, uma palavra-que-não-é-mais.
(…) Ñe’? e ayvu podem ser traduzidos tanto como ‘palavra’ como por ‘alma’, com o mesmo significado de ‘minha palavra sou eu’ ou ‘minha alma sou eu’.
(…) Assim, alma e palavra podem adjetivar-se mutuamente, podendo-se falar em palavra-alma ou alma-palavra, sendo a alma não uma parte, mas a vida como um todo”.
Trecho extraído do artigo de Eliane Brum ao jornal El País cujo título é “O Golpe e os golpeados”Compartilhe:Curtir isso:Curtir Carregando.
Publicado em psicologia | Marcado com antropologia, Palavra, Povos Guarani, psicologia, psicoterapia | Deixe um comentário Sofrimento existencial e a clínica Publicado em 12/06/2016 por Marcos E.
F.
Marinho Uma vez que as demandas do sofrimento existencial, endereçadas à clínica psicoterápica, cada vez mais estão relacionadas ao nivelamento histórico de sentido que pode ser computado no cálculo global de exploração e consumo, é imprescindível, para que a psicoterapia possa se constituir em um espaço de reflexão propiciador de outros modos de existir, que ela própria não permaneça subordinada a esse mesmo horizonte histórico de redução de sentido.
(NOVAES e MATTAR, 2008, p.
191)Compartilhe:Curtir isso:Curtir Carregando.
Publicado em psicologia, psicoterapia | Marcado com análise existencial, clínica psicológica, existência, pscoterapia, psiquismo, subjetividade | Deixe um comentário ← Posts anteriores Facebook Facebook Consultório Parque CampolimAv.
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